Avaliação dos efeitos vasculares do sildenafil na aterosclerose experimental

Nome: CAMILLE DE MOURA BALARINI
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 13/05/2013
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
ELISARDO CORRAL VASQUEZ Orientador
SILVANA DOS SANTOS MEYRELLES Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ALESSANDRA SIMAO PADILHA Examinador Interno
ANA PAULA COUTO DAVEL Examinador Externo
ELISARDO CORRAL VASQUEZ Orientador
JONES BERNARDES GRACELI Examinador Interno
THIAGO DE MELO COSTA PEREIRA Examinador Externo

Resumo: A disfunção endotelial é uma condição sine qua non ao desenvolvimento da aterosclerose. Experimentalmente, pode ser demonstrada pelo comprometimento do relaxamento dependente do endotélio à acetilcolina (ACh), o qual envolve a sinalização da via óxido nítrico/GMP cíclico (NO/cGMP). Deste modo, agentes farmacológicos que sejam capazes de potencializar a ação do NO são considerados
estratégias promissoras para melhora da função vascular e redução da
aterosclerose. Dentre tais agentes, destaca-se o sildenafil, uma vez que inibe a enzima fosfodiesterase 5 (PDE5), responsável por degradar o cGMP, o principal segundo mensageiro do NO. Desta maneira, o objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos vasculares do sildenafil na aterosclerose experimental. Utilizou-se camundongos machos, das linhagens C57BL/6 (CT) e nocautes para a
apolipoproteína E (apoE-/-), os quais receberam dieta aterogênica à partir de 8 semanas de vida, durante as 10 semana subsequentes. Os camundongos apoE-/- foram divididos em 2 grupos: animais tratados, que receberam citrato de sildenafil por via oral durante 3 semanas (40mg/Kg/dia, n=3-10) e veículos, que receberam
apenas veículo (n=3-10). Os animais CT foram usados como controles. Ao final do tratamento, os animais foram eutanasiados e tiveram a aorta torácica removida e cortada em anéis para estudos de função vascular. A função vascular foi avaliada por meio da construção de curvas concentração-resposta à ACh (100 pM 30 RM)
ou nitroprussiato de sódio (NPS, 10 pM 30 RM), após pré-contração com fenilefrina (Phe, 10 RM). Para avaliar a influência do NO e das espécies reativas de oxigênio (ROS) na resposta vasodilatadora, os anéis foram pré-incubados com L-NAME (100 RM) ou apocinina (300 RM), respectivamente. Em um grupo diferente, após o fim o
tratamento os animais tiveram suas aortas retiradas e processadas para avaliação histológica da deposição de placa aterosclerótica (coloração com Oil Red), produção de ROS (marcação com dihidroetídeo - DHE) e de NO (marcação com diaminofluoresceína - DAF). As respostas vasodilatadoras estão expressas como
percentual de relaxamento em relação ao valor da pré-contração. A resposta máxima (Rmáx) e o log da dose de droga que provocou metade da resposta máxima (EC50) foram calculados. Resultados de bloqueios farmacológicos foram expressos como a diferença na área abaixo da curva na presença e ausência do inibidor (dAUC). Os resultados estão expressos como média ± EPM. As comparações
estatísticas foram feitas por ANOVA, seguida do post hoc de Tuckey. *p<0.05 ou **p<0.01 vs. CT; #p<0.05 ou ##p<0.01 vs. apoE-/- veículo; §p<0,05 ou §§p<0,01 vs. mesmo grupo sem bloqueio. Os animais apoE-/- demonstraram marcante disfunção endotelial (Rmáx: 66±9,7* e pEC50: 6,1±0,1**) quando comparados aos controles
(Rmáx: 87±3,6 e pEC50: 7,3±0,1), a qual foi revertida pelo tratamento com sildenafil (Rmáx: 95±3,1# e pEC50: 7,2±0,3##). Tal disfunção não se deve à redução da sensibilidade do músculo liso vascular ao NO, uma vez que não foram observadas diferenças nas respostas ao NPS. O papel do NO na vasodilatação à ACh em animais apoE-/- estava diminuído (dAUC: 58,3±16,8** vs. CT: 230±10,6) e foi restabelecido nos animais tratados (233±10,2##). Ainda, a influência das ROS na
vasodilatação reduzida dos animais apoE-/- foi revertida pelo sildenafil (CT Rmáx: 84±5,2 e pEC50: 7,3±0,2; apoE-/- Rmáx: 101±4,6§§ e pEC50: 7,3±0,2§§; apoE-/- sildenafil Rmáx: 94±3,7 e pEC50: 7,2±0,2). A análise da deposição de placa aterosclerótica revelou marcante deposição de placa nos apoE-/- quando comparados aos animais
CT (37,7±3,4** vs. 0,4±0,4%) e que houve uma redução de aproximadamente 40% na deposição de placa nos animais apoE-/- tradados com sildenafil (37,7±3,4 vs. 21,3±5,0#). Ainda, observou-se que mesmo os animais controle apresentam um nível basal de produção de espécies reativas de oxigênio (2,25±0,12). Nos animais apoE-/-
veículo, houve um aumento do estresse oxidativo (3,47±0,41*), o qual foi revertido aos níveis do controle pelo tratamento com sildenafil (2,42±0,21#). Os camundongos ateroscleróticos que receberam veículo apresentaram redução da produção de NO quando comparados aos controles normocolesterolêmicos (38±5,2 vs. 17,8±1,2*). O
tratamento crônico com sildenafil foi capaz de reverter completamente este quadro nos animais ateroscleróticos (17,8±1,2 vs. 38,2±6,8#). Desta maneira, é possível concluir que o tratamento com sildenafil melhora a função endotelial na aterosclerose experimental. Os mecanismos envolvidos nesta resposta não envolvem o incremento da sensibilidade do músculo liso vascular ao NO, mas sim o restabelecimento do NO na vasodilatação dependente do endotélio, provavelmente devido ao incremento da biodisponibilidade desta molécula por conta do estresse oxidativo reduzido e do aumento de sua produção. A melhora na função vascular se reflete na redução da deposição de placa aterosclerótica em aorta.
Palavras-chave: aterosclerose, disfunção endotelial, óxido nítrico, sildenafil.

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