Fatores de risco cardiovascular em diferentes níveis socioeconômicos de Servidores Públicos da Universidade Agostinho Neto, Luanda, Angola
Nome: DANIEL PIRES CAPINGANA
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 12/07/2012
Orientador:
Nome | Papel |
---|---|
JOSE GERALDO MILL | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
---|---|
ELISARDO CORRAL VASQUEZ | Examinador Interno |
FERNANDO LUIZ HERKENHOFF VIEIRA | Examinador Interno |
JOSE GERALDO MILL | Orientador |
MARIA DEL CARMEN BISI MOLINA | Examinador Externo |
PAULO ANDRADE LOTUFO | Examinador Externo |
Resumo: As doenças cardiovasculares constituem a principal causa de morte na
maioria dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Os países africanos enfrentam o crescimento da doença cardiovascular, além das doenças transmissíveis.
Também, existe variação do risco cardiovascular nos diferentes estratos
socioeconômicos. Objetivo: Caracterizar os fatores de risco ardiovascular modificáveis em diferentes estratos socioeconômicos de servidores públicos da Universidade Agostinho Neto em Luanda, Angola, e estimar o risco de desenvolvimento da doença arterial coronariana em 10 anos de acordo com o algoritmo de Framingham.
Metodologia: o estudo foi de corte transversal em amostra constituída por 42,2% (n=615) dos servidores, dos quais 48% (n=294) homens e 52% (n=321) mulheres situados na faixa etária de 20 a 72 anos de idade dos diferentes estratos socioeconômicos, e decorreu desde Fevereiro de 2009 a Dezembro de 2010.
Resultados: as médias do IMC (27,1±5,8 Kg/m2) e circunferência da cintura (83,9±13,5 cm) foram maiores (P<0,05) nas mulheres do que nos homens, enquanto a média do índice de Sokolow-Lyon foi maior nos homens (31,1±8,9 mm) do que nas mulheres (23,2±7,2 mm). A prevalência de hipertensão arterial foi de 45,2% (homens 46,3%, mulheres 44,2%), hipercolesterolemia 11,1%, HDL baixo 50,1% (homens 36,9%, mulheres 62,3%, P<0,05), tabagismo 7,2% (homens 10,2%, mulheres 4,4%, P<0,05), Diabetes 5,7%, obesidade 19,6% (homens 9,2%, mulheres 29,0%, P<0,05) e hipertrofia ventricular esquerda 20,0% (homens 32,0%, mulheres 9,0%, P<0,05). A circunferência da cintura e a idade foram os preditores da variação da pressão arterial sistólica em indivíduos sem fator de risco cardiovascular. A classe socioeconômica baixa teve maior (P<0,05) prevalência de hipertensão (55,8% vs 45,1%), tabagismo (14,3% vs 2,6%) e HVE (30,5% vs 14,4%) do que a classe alta. 27,7% da amostra tinha um fator de risco, 15,2% dois e 31,4% tiveram três ou mais fatores de risco. 41,0% dos indivíduos da classe socioeconômica baixa tiveram três ou mais fatores de risco. 58,3% de indivíduos com alto risco tinham baixa escolaridade. A classe socioeconômica baixa teve maior proporção de alto risco (23,6%, P<0,05) do que a classe socioeconômica alta (10,1%).
Conclusão: Os dados mostram a alta prevalência de múltiplos fatores de risco da doença cardiovascular em servidores públicos ativos em Angola. O estrato socioeconômico de menor renda apresenta maior agravo à saúde cardiovascular, pois teve maior prevalência da hipertensão arterial, tabagismo e hipertrofia ventricular esquerda. A coexistência de múltiplos fatores de risco nestes servidores indica a necessidade de se intensificar os esforços para a prevenção e identificação precoce dos fatores de risco, sobretudo, os segmentos de menor renda.
Palavras-chave: Risco cardiovascular; Hipertensão arterial; Tabagismo; Nível socioeconômico; Angola.