Determinantes biológicos da comorbidade dos ataques de pânico com depressão e ansiedade de separação

Nome: JEYCE WILLIG QUINTINO DOS SANTOS
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 22/07/2011
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
LUIZ CARLOS SCHENBERG Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
CRISTINA MARTINS E SILVA Examinador Interno
LUIZ CARLOS SCHENBERG Orientador
MIRIAN STELA MARIS DE OLIVEIRA COSTA Examinador Externo
ROSANA SUEMI TOKUMARU Examinador Externo
SAMIA REGIANE LOURENÇO JOCA Examinador Externo

Resumo: Determinantes biológicos da comorbidade de transtorno de pânico com a ansiedade de separação e depressão. Santos JWQ, Departamento de Ciências Fisiológicas da Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES. Objetivo: A MCPD tem sido proposta como um substrato importante nos ataques de pânico. Os dados clínicos sugerem que a ansiedade de separação na infância e a depressão predispõem aos ataques de pânico. Assim, o presente estudo examinou os efeitos da privação materna (SM, um modelo de ansiedade de separação), o desamparo aprendido (DA, um modelo de depressão reativa) e a bulbectomia olfatória (BOX, um modelo de depressão endógena) sobre os limiares dos comportamentos de defesa induzidos pela estimulação elétrica da MCPD de ratos adultos. O desempenho dos ratos também foi avaliado nos testes de natação forçada (todos os grupos), labirinto-em-cruz elevado (PM, DA), labirinto-em-T elevado e campo aberto (BOX). Métodos: BOX: Ratos machos jovens Wistar (P40) foram submetidos à bulbectomia olfatótia (BOX, n = 22) ou ficticiamente operados (RFO, = 28). Após a idade adulta (P60), os ratos foram implantados com eletrodos na MCPD e estimulados com pulsos senoidais (60 Hz, 30 s) com aumentos graduais na intensidade de 5 mA, até a obtenção das respostas de galope e/ou salto (P65). Em seguida, os ratos foram submetidos aos testes de campo aberto (P66), labirinto-em-T elevado (P67) e natação forçada (P68). Os limiares dos comportamentos de defesa foram registrados e tratados por meio de regressão logística e comparados através da razão de verossimilhanças do teste do qui-quadrado. As respostas de esquiva do LTE foram analisadas por ANOVA para medidas repetidas seguida de testes-t para o critério de 5% de Bonferroni. As respostas do CA, NF e respostas de fuga do LTE foram analisadas por testes-t de Student para amostras independentes. DA: Ratos machos adultos Wistar foram implantados com eletrodos na MCPD e mantidos em gaiolas individuais em um ambiente controlado. Cinco dias após a implantação, os ratos foram submetidos à estimulação intracraniana conforme descrito no estudo anterior. Os ratos que apresentaram galope com intensidades de corrente inferiores a 55 mA foram submetidos a um treinamento pareado de desamparo aprendido numa caixa de vaivém (tarefa: fuga de 1 via). As sessões de treinamento foram realizadas ao longo de 7 dias e consistiu na apresentação de 30 choques nas patas (1 mA, 30 s de duração, intervalo de 1 min) ou escapável(CE, n=23) ou inescapável (CI, n=23). O teste de déficit de aprendizagem de fuga (sessão-teste) foi realizado no dia após o período de treinamento na caixa de vaivém (tarefa: fuga de 2 vias). Os limiares das respostas de defesa induzidas pela estimulação elétrica da MCPD foram reavaliados 1 e 6 dias após a sessão-teste. Em seguida, os ratos foram submetidos ao labirinto-em-cruz elevado e natação forçada Os limiares dos comportamentos de defesa bem como os demais testes seguiram os mesmos tratamentos estatísticos do grupo BOX PM: Ratas nulíparas Wistar prenhas foram mantidas num ambiente com luz e temperatura controladas durante o experimento. No dia após o parto (P1), os filhotes do sexo feminino foram sacrificados e os machos (4-8 por ninhada) foram mantidos com suas mães até o dia do desmame (P21). A separação materna parcial (3 h) foi realizada pela manhã em todo o período de lactação. Durante a separação, os ratos foram transferidos para novas caixas em que os ratos privados da mãe (P, n = 39) mantiveram-se sozinho e os ratos não-privados (NP, n = 30) permaneceram com suas mães. Em P60 os ratos foram submetidos à implantação de eletrodo na MCPD e estimulados em P65, conforme descrito nos estudos anteriores. Em seguida, os ratos foram testados no labirinto-em-cruz elevado e natação forçada. Os limiares dos comportamentos de defesa bem como os demais testes seguiram os mesmos tratamentos estatísticos já descritos. Resultados: BOX: Comparados com os ratos RFO, os limiares dos ratos BOX foram menores para as respostas de exoftalmia (&#61508;I50% = I50% -32%, P <0.001), imobilidade (&#61508;I50% = I50% -18%, P <0.05), trote (&#61508;I50% = I50% -22%, P <0.005), galope (&#61508;I50% = I50% -14%, P <0.005) e salto (&#61508;I50% = I50% -19%, P <0.005). A atividade exploratória do campo aberto foi reduzida, sugerindo um aumento da ansiedade nos ratos BOX. No labirinto-em-T elevado, os efeitos da bulbectomia foram opostos aos da estimulação elétrica da MCPD e o teste da natação forçada confirmou o efeito pró-depressivo da bulbectomia olfatória. DA: Os grupos CI e CE apresentaram limiares basais praticamente idênticos para todas as respostas, exceto salto. Comparados ao grupo CE, os ratos do grupo CI apresentaram déficits significativos de desempenho na sessão-teste (fuga de 2 vias). Adicionalmente, enquanto o DA produziu apenas um aumento moderado nos limiares das respostas de defesa induzidas pela estimulação elétrica da MCPD no dia após a sessão-teste, eles foram acentuadamente aumentados seis dias após para os respostas de imobilidade (22%, P <0,001), trote (28%, P < 0,0001) e galope (29%, P <0,0001). O teste da natação forçada confirmou os efeitos pró-depressivos do DA e no labirinto-em-cruz elevado foi observado um leve efeito ansiolítico. PM: Em relação aos controles, os ratos do grupo P mostraram uma acentuada redução nos limiares de imobilidade (-20%, P <0,0001), exoftalmia (-28%, P <0,0001), trote (-17%, P <0,0001), galope (-20%, P <0,0001) e salto (-13%, P <0,005). Não houve diferença entre os grupos nos testes do labirinto-em cruz elevado e na natação forçada. Conclusões: Os nossos resultados mostram que a privação materna e o desamparo aprendido têm efeitos opostos sobre as respostas de defesa eliciadas pela estimulação elétrica da MCPD. Assim, os dados apóiam a influência da ansiedade de separação na infância nos ataques de pânico, contudo, não suportam o efeito da predisposição de estados depressivos agudos tipo desamparo aprendido. Por outro lado, observamos a influência facilitadora da bulbectomia olfatória na depressão endógena.

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