AVALIAÇÃO DO TRATAMENTO COM KEFIR NA FUNÇÃO RENAL EM MODELO EXPERIMENTAL DE SÍNDROME METABÓLICA E DEFICIÊNCIA DE HORMÔNIOS OVARIANOS

Nome: LEONARDO DA SILVA ESCOUTO

Data de publicação: 25/04/2024

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
BIANCA PRANDI CAMPAGNARO Examinador Externo
ROGER LYRIO DOS SANTOS Examinador Interno

Resumo: Introdução: A hipertensão arterial (HA) é uma condição crônica caracterizada pelo aumento da pressão arterial, sendo um fator de risco principal para doenças cardiovasculares (DCV), doença renal crônica (DRC) e morte prematura em todo o mundo. Pode ser agravada por comorbidades como dislipidemia, obesidade, intolerância à glicose e diabetes mellitus. Além disso, na fase pós-menopausa, a deficiência de hormônios ovarianos pode acelerar a progressão dessas comorbidades, sendo os hormônios sexuais, como o estrogênio, essenciais para a proteção do tecido renal. Em contrapartida, a reposição hormonal na fase pós-menopausa é controversa, com estudos apontando riscos à saúde. Com isso, terapias não farmacológicas, como o probiótico Kefir, que apresenta efeito antioxidante, anti-inflamatório e anti-hipertensivo, poderia ser usado como terapia adjuvante para prevenir ou controlar alterações renais na pós-menopausa, sem os riscos associados à terapia hormonal tradicional. Objetivo: Avaliar o efeito do tratamento com Kefir na função renal em modelo experimental de síndrome metabólica e deficiência de hormônios ovarianos, utilizando ratas SHR e com sobrecarga de frutose. Material e Métodos: Utilizaram-se ratas SHR jovens, com idade inicial de 08 (oito) semanas e peso aproximado de 130 gramas(g). Sendo divididas em 4 grupos experimentais (n:7): Ovariectomizada (OVX) controle (O); OVX Frutose (OF); OVX Kefir (OK) e OVX Kefir + Frutose (OKF). Os animais foram tratados por 8 semanas com Kefir (5% p/v) via gavagem, e a Frutose (10% p/v) foi diluída na água ad libitum. Foi avaliado: peso corporal e demais parâmetros morfométricos; glicemia de jejum e teste de tolerância à glicose (TTG); gaiola metabólica; função renal (TFG; FPR; FSR e RVR); parâmetros bioquímicos no soro e urina (ureia, creatinina e microalbuminúria); biodisponibilidade de Óxido Nítrico Total (NOx, Método de Griess); ânion superóxido (DHE), peróxido de hidrogênio (DCF) e peroxinitrito (HPF); peroxidação lipídica (TBARS) e produtos avançados da oxidação proteica (AOPP); remodelamento renal (Picrosírius Red). Os dados foram analisados no GraphPad Prism 8, apresentados como média ± EPM, analisados por ANOVA uma ou duas vias, seguido de post hoc de Fischer, p < 0,05 considerado como diferença significativa. Esse projeto foi aprovado pelo CEAU-UFES (protocolo de nº11/2019). Resultados: Os grupos expostos à frutose (OF e OKF) apresentaram aumento do Peso (O: 65,14 ± 3,11 ; OF: 90,29 ± 5,87 ; OK: 71,43 ± 4,29 ; OKF: 95,00 ± 5,28) e gordura visceral (O: 2,86 ± 0,38 ; OF: 5,29 ± 0,93 ; OK: 2,92 ± 0,41 ; OKF: 5,63 ± 0,94). Além disso, OF e OKF apresentaram aumento na glicemia de jejum (O: 72,00 ± 3,25 ; OF: 101,4 ± 2,58 ; OK: 78,80 ± 2,13 ; OKF: 109,8 ± 3,38). Embora o grupo OF também tenha apresentado maior pico glicêmico na resposta de intolerância à glicose (TTG), o grupo OKF reduziu parcialmente este parâmetro, onde esse efeito foi evidenciado pelo gráfico da área abaixo da curva (O: 14885 ± 690 ; OF: 20880 ± 908 ; OK: 14427 ± 369 ; OKF: 17967 ± 1076). Em relação à função renal, os resultados mostram que, os grupos OF e OKF apresentaram redução na TFG (O: 4,72 ± 0,15 ; OF: 3,45 ± 0,25 ; OK: 4,57 ± 0,33 ; OKF: 3,16 ± 0,35). Evidenciando que, o probiótico Kefir não foi capaz de prevenir o prejuízo desencadeado pela frutose. Quanto ao FPR (O: 7,97 ± 0,81 ; OF 7,75 ± 0,77 ; OK: 7,90±0,52 ; OKF: 13,84 ± 0,65) e FSR (O: 13,20 ± 1,28 ; OF: 12,62 ± 1,22 ; OK: 13,28 ± 0,82 ; OKF: 24,82 ± 1,49), os grupos OF e OK não apresentaram diferença quando comparados ao grupo controle. Entretanto, houve aumento significativo no grupo OKF em relação aos demais grupos em ambos os parâmetros. Adicionalmente, a RVR (O: 12,39 ± 1,20 ; OF: 10,37 ± 0,49 ; OK: 11,72 ± 1,03 ; OKF: 6,19 ± 0,30), que é inversamente proporcional ao FSR, há uma redução significativa no grupo OKF em relação aos demais grupos. Finalmente, os aumentos nos parâmetros de fluxo e redução da resistência renal no grupo OKF, possívelmente estão relacionados com o aumento de NOx (O: 2,19 ± 0,20 ; OF: 2,63 ± 0,14 ; OK: 3,81 ± 0,38 ; OKF: 3,28 ± 0,14), e redução de peróxido de hidrogênio (O: 176,7 ± 21,24 ; OF: 289,7 ± 26,49 ; OK: 240,6 ± 22,77 ; OKF: 187,7 ± 24,67) e peroxinitrito (O: 138,9 ± 35,91; OF: 157,2 ± 15,30; OK: 149,8 ± 51,63; OKF: 98,84 ± 28,77) . Além desses resultados, que podem indicar melhora no estresse oxidativo com o kefir no grupo OKF, foi observado redução significativa de microalbuminúria (O: 77,20 ± 11,71; OF: 116,2 ± 7,341 ; OK: 88,00 ± 5,099 ; OKF: 44,50 ± 4,039) neste mesmo grupo. Conclusão: No presente estudo, o Kefir apresentou efeitos favoráveis no modelo de sindrome metabólica e deficiência de hormônios ovarianos (OKF), podendo estar protegendo o rim dos efeitos deletérios da frutose. De modo geral, o probiótico Kefir pode atuar como um grande adjuvante para o tratamento preventivo em situações clínicas que se assemelham ao modelo estudado.

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