CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE BIOLÓGICA DE UM PEPTÍDEO INIBIDOR DA ECA DERIVADO DO KEFIR NA HIPERTENSÃO DEPENDENTE DE ANGIOTENSINA EM CAMUNDONGOS
Nome: RAFAELA AIRES
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 20/08/2021
Orientador:
Nome | Papel |
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SILVANA DOS SANTOS MEYRELLES | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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BRENO VALENTIM NOGUEIRA | Examinador Externo |
DEBORA LEONARDO DOS SANTOS | Examinador Interno |
MARCELO PERIM BALDO | Examinador Externo |
SILVANA DOS SANTOS MEYRELLES | Orientador |
SONIA ALVES GOUVEA | Examinador Interno |
Resumo: Os benefícios do consumo do Kefir são decorrentes, em parte, da rica composição de moléculas bioativas liberadas na fermentação. No entanto, os componentes bioativos e os mecanismos de ação envolvidos no efeito anti-hipertensivo desse probiótico ainda precisam ser explorados. Um estudo prévio sequenciou 35 peptídeos inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) no Kefir. No presente estudo, as ações in vivo de um peptídeo inibidor da ECA derivado do Kefir, o Kef-1, foram investigadas em um modelo experimental de hipertensão dependente de angiotensina. Primeiramente, a atividade inibitória de Kef-1 sobre a ECA foi avaliada in vitro. Nos camundongos com hipertensão 2-rins, 1-clip (2R1C), os efeitos hemodinâmicos a curto (3 horas) e longo prazo (7 dias) foram avaliados após administração oral de Kef-1(10 mg/Kg/dia). Além disso, após 7 dias de tratamento, estresse oxidativo e inflamação sistêmica e local (células musculares lisas vasculares, CML) foram analisados nesses animais. As diferenças foram consideradas significantes quando p<0,05. Kef-1 foi capaz de inibir em 59,6% a atividade da ECA in vitro em comparação ao captopril. Nos camundongos 2R1C, Kef-1 mostrou potente efeito anti-hipertensivo agudo e crônico. Após 3 horas, Kef-1 reduziu (p<0,05) pressão arterial sistólica (PAS), PA diastólica (PAD) e PA média (PAM) quando comparado aos demais grupos (-25,8 ± 3,9, -26,0 ± 3,8, -26,4 ± 4,3 mmHg, respectivamente). A PAS, PAD e PAM também foram reduzidas (p<0,05) após 7 dias de tratamento com Kef-1 (-22,2 ± 3,9; -31,6 ± 2,6; -24,3 ± 3,2 mmHg, respectivamente). Kef-1 reduziu (p <0,05) a frequência cardíaca (FC) em ambos tratamentos agudo (~13%) e crônico (~7%). Sete dias após tratamento, a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS), peroxidação lipídica e danos ao DNA foram menores nas células sanguíneas (p<0,05) quando comparado aos camundongos 2R1C controle (~10%, ~23%, ~54%, respectivamente). Nas CML, Kef-1 foi capaz de reduzir (p<0,05) a produção de ROS (~22%) através da redução da participação das vias oxidantes (NADPH oxidase e mitocôndria). Além disso, Kef-1 reduziu apoptose de CML (59%, p<0,05). O efeito anti-inflamatório de Kef-1 foi evidenciado na redução (p<0,05) dos níveis sistêmicos de citocinas pró-inflamatórias (TNFα: ~34%, IFNγ: ~22%, MCP1: ~33%, IL-6:
18 ~16%), e da atividade da mieloperoxidase (~57%). Nas CML, Kef-1 reduziu em 75% os níveis intracelulares de óxido nítrico (NO). A aorta de camundongos hipertensos tratados com Kef-1 apresentou menor espessura de parede (~28%, p<0,05) e restauração parcial da estrutura endotelial. Em conclusão, este estudo revelou o potencial anti-hipertensivo do heptapeptídeo Kef-1 através de suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias em um modelo experimental de hipertensão dependente de Ang II. Essas novas descobertas ajudam a esclarecer os mecanismos envolvidos nos benefícios do consumo da bebida do Kefir na hipertensão.