Efeitos do exercício físico de intensidade moderada sobre parâmetros sistêmicos e cardíacos da sobrecarga crônica de ferro em ratos
Nome: RENATA ANDRADE ÁVILA
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 15/07/2021
Orientador:
Nome | Papel |
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LEONARDO DOS SANTOS | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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JOSE GERALDO MILL | Examinador Interno |
LEONARDO DOS SANTOS | Orientador |
NAZARE SOUZA BISSOLI | Examinador Interno |
PATRICIA CHAKUR BRUM | Examinador Externo |
PAULO JOSÉ FERREIRA TUCCI | Examinador Externo |
Resumo: Introdução e objetivos: O ferro é um micronutriente essencial em vários processos vitais e manutenção da homeostase corporal. Entretanto, seu excesso pode causar danos aos órgãos devido, principalmente, ao estresse oxidativo observado nesta condição, sendo a cardiomiopatia a principal causa de morte em pacientes com sobrecarga de ferro. Embora o exercício físico seja considerado há muito tempo uma ferramenta cardioprotetora e antioxidante, seus efeitos sobre a sobrecarga de ferro ainda não foram definidos. Por isso, este estudo foi desenhado para investigar os efeitos do treinamento aeróbio de intensidade moderada em um modelo de roedor com sobrecarga crônica de ferro. Material e métodos: Ratos Wistar receberam injeções intraperitoneais de ferro-dextrano 100 mg/kg/dia, 5 dias/semana por 4 semanas ou solução salina (NaCl 0,9%) no mesmo regime. Ao final, os animais injetados com ferro dextrano foram randomizados em dois subgrupos, sendo mantidos não treinados ou submetidos ao exercício físico (60 min/dia, treinamento
aeróbio progressivo a 60-70% da velocidade máxima, 5 dias/semana em uma esteira elétrica) nas 8 semanas seguintes. Ao final, a hemodinâmica ventricular esquerda foi registrada, e amostras de sangue, fígado e coração foram coletadas. Além disso, a mecânica miocárdica foi avaliada in vitro em músculos papilares isolados do ventrículo esquerdo, e o remodelamento cardíaco foi avaliado por histologia e imunoblotting. Principais resultados: O protocolo adotado no estudo foi eficiente em desenvolver um modelo de sobrecarga crônica de ferro em que os níveis séricos de ferro permaneceram aumentados e a saturação de transferrina também mantida acima de 20-50%, consistente com o que é encontrado em pacientes nessas condições. Confirmando o modelo experimental, a sobrecarga de ferro levou à deposição de ferro no fígado, fibrose e aumento da alanina aminotransferase (ALT) e
aspartato aminotransferase (AST) séricas. Além disso, o acúmulo de ferro cardíaco foi acompanhado por comprometimento da mecânica miocárdica, aumento do colágeno cardíaco tipo I e peroxidação lipídica (TBARS), e liberação de CK-MB no soro. Embora o exercício físico de intensidade moderada não tenha influenciado os níveis de ferro, os marcadores de lesão (AST, CK-MB e TBARS) foram significativamente reduzidos, em associação com o aumento da enzima antioxidante endógena catalase. Da mesma forma, a contratilidade miocárdica e a responsividade inotrópica ao cálcio e ao isoproterenol foram melhoradas nos ratos exercitados, assim 12 como os níveis de fosforilação de substratos fosforiláveis pela PKA. Conclusão: O exercício aeróbio de intensidade moderada atenuou o dano cardíaco e o estresse oxidativo neste modelo experimental, podendo, dessa forma, representar uma ferramenta terapêutica adjuvante não-farmacológica potencialmente útil na cardiomiopatia da sobrecarga de ferro.