EFEITOS DA EXPOSIÇÃO PRÉ-GESTACIONAL MATERNA A MOLUSCOS CONTAMINADOS COM ORGANOESTÂNICOS SOBRE A MORFOFISIOLOGIA REPRODUTIVO-PLACENTÁRIA, OS SUBSTRATOS ENERGÉTICOS E A HERANÇA MULTIGERACIONAL FETAL DE RATOS

Nome: PRISCILA LANG PODRATZ
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 11/10/2018
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
ELISARDO CORRAL VASQUEZ Co-orientador
JONES BERNARDES GRACELI Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
BRENO VALENTIM NOGUEIRA Examinador Externo
ELISARDO CORRAL VASQUEZ Coorientador
GIRLANDIA ALEXANDRE BRASIL AMORIM Examinador Externo
JONES BERNARDES GRACELI Orientador
LÍVIA CARLA DE MELO RODRIGUES Examinador Interno

Páginas

Resumo: Compostos organoestânicos (OTs), como o tributilestanho (TBT), são poluentes ambientais e a principal via de exposição humana ocorre por ingestão de mariscos contaminados. Estes agentes químicos atuam como desreguladores endócrinos em invertebrados marinhos e também em roedores, afetando, principalmente, a função reprodutiva e o metabolismo de lipídios e carboidratos. OTs podem acumular-se na placenta e são transferidos aos fetos. No entanto, ainda não há um modelo de biotransferência dos OTs para mamíferos, e os dados sobre o período gestacional e prole são escassos. O objetivo deste estudo foi avaliar a gênese e os mecanismos envolvidos nas alterações reprodutivas e do estado energético em ratas adultas, na disfunção placentária e nos prejuízos aos fetos de ambos os gêneros induzidos pela exposição direta e por herança multigeracional materna de ingestão de moluscos contaminados com OTs. Ratas Wistar de 3 meses de idade foram divididas em três grupos: tratadas diariamente com veículo (água destilada, controle, CON), com os gastrópodes Leucozonia nassa sem OTs (LNN, 600 mg/dia, coletados na Praia de Aracruz, Espírito Santo, área sem contaminação com OTs) ou Leucozonia nassa imposexados (LNI, 600 mg/dia, coletados na Praia da Ilha do Frade, Vitória, Espirito Santo, área contaminada com OTs), por 15 dias, via gavagem. Parte das ratas foram utilizadas para a avaliação da morfofisiologia reprodutiva e a outra parte foi alocada com machos controle para o acasalamento e posterior cesariana no 20º dia gestacional, para a análise de parâmetros gestacionais e a coleta da placenta e dos fetos. Ratas adultas LNI apresentaram aumento da concentração sérica de estanho, evidenciando a transferência dos OTs a partir da ingestão de moluscos contaminados. Essas fêmeas LNI desenvolveram irregularidade no ciclo estral; elevação nos níveis séricos de estrogênio, progesterona e testosterona; distúrbios na foliculogênese ovariana e deposição de colágeno perifolicular; hipertrofia e pontos de pseudoestratificação de epitélio luminal, processo inflamatório, aumento na deposição de colágeno e maior expressão de ERα uterino. Na fertilidade do grupo LNI, foi observado o atraso no estabelecimento da gestação, redução na frequência de ninhadas, diminuição do número de implantações e consequente aumento de perdas pré-implantação embrionária. Grávidas LNI exibiram aumento do perfil lipídico, com acúmulo hepático de vacúolos lipídicos redondos, de limites nítidos e tamanhos variáveis. Placentas LNI apresentaram aumento do peso e da porcentagem de células de glicogênio, associado a maior expressão de GLUT1 e de transferência de glicose pelo cordão umbilical; acúmulo de lipídios (triglicerídeos e colesterol total), com maior fornecimento de colesterol aos fetos; processo inflamatório; maior expressão das proteínas reguladoras IRβ, p-Akt e p-mTOR. Os fetos LNI, de ambos os gêneros, mostraram maior peso corporal; aumento de megacariócitos, lipídios e estresse oxidativo hepáticos. Estes achados conferem às ratas expostas diretamente aos OTs, por meio da ingestão de moluscos contaminados, características de síndrome do ovário policístico, e tal desregulação endócrina prejudica a formação da placenta e a expressão dos transportadores de nutrientes placentários, resultando em distúrbios antropométrico e hepático fetais, decorrentes de respostas adaptativas à influência materna.

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