EFEITOS BENÉFICOS DO ÁCIDO LINOLEICO SOBRE A DISFUNÇÃO CONTRÁTIL E BIOENERGÉTICA MITOCONDRIAL APÓS INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO
Nome: PAULA LOPES RODRIGUES
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 07/11/2017
Orientador:
Nome | Papel |
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EDUARDO HERTEL RIBEIRO | Orientador |
IVANITA STEFANON | Co-orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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ANDRÉ SOARES LEOPOLDO | Examinador Externo |
DALTON VALENTIM VASSALLO | Examinador Interno |
EDUARDO HERTEL RIBEIRO | Orientador |
IVANITA STEFANON | Coorientador |
SILVIA CAROLINA GUATIMOSIM FONSECA | Examinador Externo |
Páginas
Resumo: Após um evento isquêmico agudo, a perda de miocárdio determina aparecimento de disfunção mecânica do coração. A falência cardíaca ocorre por um prejuízo no metabolismo energético e está associada a menor produção de trifosfato de adenosina e o aumento exacerbado do estresse oxidativo oriundos da disfunção mitocondrial acompanhada de perdas na cadeia acil-linoleico da cardiolipina. O objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos do ácido linoleico (AL) sobre a mecânica cardíaca e as disfunções nas duas subpopulações mitocondriais cardíacas distintas especialmente, as mitocôndrias subsarcolemais (SSM) e interfibrilares (IFM) de ratos com infarto do miocárdio (IM). Ratos Wistar foram divididos em grupos e receberam 0,1 mL i.m. diferentes doses de AL (5 mg/Kg, 15 mg/Kg e 50 mg/Kg) e NaCl por 15 dias. Não foram encontradas diferenças nas pressões arteriais diastólica (PAD) e sistólica (PAS) entre os grupos Sham e tratados com AL (PAS: Sham 102±2; AL5: 92±3; AL15: 102±3; AL50: 104±4 mmHg; PAD: Sham 64±2; AL5: 57±3; AL15: 66±3; AL50: 71±6 mmHg). A elevação da pressão diastólica do ventrículo esquerdo (PD) promoveu maior aumento da pressão sistólica isovolumétrica do ventrículo esquerdo (PSIVE) nos grupos tratados (PD 15 mmHg: Sham 85,9±4,8; AL15: 107,1±7; AL50: 135,8±13,2* mmHg; *p<0,05). A resposta inotrópica ao aumento do Ca2+ 2,5 mM foi maior no grupo AL50 (Sham 93,9±5,3; AL50: 116,6±5* mmHg; *p<0,05). A função mitocondrial, usando o substrato Glutamato + Malato (G + M), estava aumentada no estado 3 da fosforilação oxidativa em todos os grupos tratados com AL (Sham 124 + 16,6; AL5: 193 + 17*; AL15: 138 + 19*; AL50: 162 + 14* nmol O/min/mg proteína; *p<0,05). O tratamento com AL diminuiu a probabilidade de abertura do poro mitocondrial induzida por cálcio (Sham 49754 + 1185; AL5: 45369 + 1090*; AL15: 46563 + 1026*; AL50: 39851 + 5677* nmol Ca2+/mg proteína; *p<0,05). O teste de tolerância ao cálcio, estava maior no grupo AL50 (Sham 0,895 + 0,009; AL50: 0,914 + 0,006*; *p<0,05 após 640 s). A dose de AL50 foi então selecionada para o tratamento, durante 15 dias, dos animais que sofreram infarto do miocárdio por meio da oclusão da artéria coronária descendente anterior esquerda (IM) e dos animais controles submetidos a cirurgia fictícia (Sham). Os animais foram divididos para receber, por 15 dias
0,1 mL i.m. de NaCl (Sham e IM) ou ácido linoleico 50 mg/Kg, grupo Sham (AL) e grupo IM (IMAL). Após esse período foram realizadas análises histológicas e avaliação da função ventricular e mitocondrial de ventrículo esquerdo além da expressão de proteínas. Os animais IM e IMAL, desenvolveram alterações fenotípicas semelhantes, como aumento da massa cardíaca e maior deposição de tecido fibroso cardíaco, e tamanho do infarto. No entanto, o AL foi capaz de impedir a disfunção ventricular após IM (PSIVE Sham: 110±15; IM: 52±16*; IMAL: 88±32 mmHg,* vs Sham;*p<0,05). Além disso, o AL impediu a instalação do quadro de disfunção mitocondrial cardíaca do grupo IM representada pela redução na taxa de fosforilação oxidativa com os substratos G + M (Controle Respiratório (RCR) IFM Sham: 2,94±0,24; IM: 1,81±0,17*; IMAL: 2,55±0,38,* vs Sham; p<0,05), piruvato + malato (RCR IFM Sham: 2,40±0,26; IM:1,97±0,2*; IMAL: 2,35±0,5,* vs Sham;*p<0,05), na subpopulação IFM e SSM; no aumento da expressão do fator nuclear respiratório (NRF-1) (Sham: 0,8±0,1; IM: 1,2±0,2*; IMAL: 0,9±0,2,* vs Sham;*p<0,05) e da capacidade de retenção de cálcio (IFM Sham: 50924±6037; IM: 24541±4459*; IMAL: 13064±13191*,*vs Sham; *p<0,05). O grupo IM apresentou disfunção da cadeia transportadora de elétrons com diminuição dos complexos III, IV e V na subpopulação mitocondrial IFM e aumento dos complexos I, II, III e IV na SSM no grupo IMAL. Além de diminuição da expressão do Uniporter e aumento da ciclofilina no grupo IM apenas na subpopulação IFM. Em conclusão o tratamento com ácido linoleico, na dose de 50 mg/Kg durante 15 dias, minimiza a disfunção ventricular esquerda e melhora a função mitocondrial das subpopulações SSM e IFM em ratos que sofreram IM.