EFEITOS DO TRATAMENTO COM SILDENAFIL NA HIPERTENSÃO
EXPERIMENTAL RENOVASCULAR

Nome: ANANDA TISSIANEL DIAS MOREIRA
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 04/04/2014
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
ELISARDO CORRAL VASQUEZ Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ELISARDO CORRAL VASQUEZ Orientador
HENRIQUE DE AZEVEDO FUTURO NETO Examinador Interno
MARCELO PERIM BALDO Examinador Interno

Resumo: A hipertensão arterial (HA) é uma das principais causas de morbidade e mortalidade
mundial. A disfunção endotelial, o estresse oxidativo e o dano ao DNA é uma
condição presente durante o desenvolvimento e manutenção da hipertensão
renovascular induzida pela estenose da arterial renal no modelo 2R1C de Goldblatt.
Estudos tem demonstrado que o sildenafil, inibidor da fosfodiesterase-5, aumenta a
oferta do monofosfato cíclico de guanosina (GMPc) principal segundo mensageiro
do óxido nítrico (NO), sendo capaz de melhorar a função endotelial, diminuir o
estresse oxidativo e o dano ao DNA. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos do
tratamento com sildenafil sobre a função vascular, o estresse oxidativo e a
genotoxicidade em células de rim estenótico de camundongos hipertensos. Foram
utilizados camundongos machos C57BL/6, com aproximadamente 23 gramas, os
animais foram separados em 3 grupos: Sham, 2R1C e 2R1C tratados com sildenafil
(40mg/kg/dia). Os tratamentos foram iniciados 14 dias após a indução da
hipertensão. Após 28 dias foram realizadas as medidas hemodinâmicas e em
seguida os animais foram anestesiados. O leito vascular mesentérico (LMV) foi
canulado e isolado para avalição da função vascular por meio da construção de
curvas dose-resposta à Acetilcolina (ACh) ou Nitroprussiato de sódio (NPS), após
pré contração com norepinefrina. Os rins foram retirados e alguns foram
armazenados em nitrogênio líquido para dosagem de angiotensina II (Ang II). Outros
tiveram as células isoladas através de ação enzimática para a realização do ensaio
do cometa para analisar a genotoxicidade, e análise do estresse oxidativo e
produção de NO pela citometria de fluxo. As respostas vasodilatadoras estão
expressas como percentual de relaxamento em relação à pré-contração. A resposta
máxima (Rmáx) e o logaritmo negativo da concentração de droga que provocou
metade da resposta máxima (pEC50) foram calculados. Resultados de bloqueio
farmacológicos foram expressos como a diferença na área abaixo da curva (dAUC).
Os resultados estão expressos como média ± EPM. As comparações estatísticas
foram feitas por ANOVA, seguida do post hoc de Bonferroni. *p<0,05 e **p<0,01
quando comparado ao grupo sham; #p<0,05 e ##p<0,01 quando comparado ao 2R1C
e &p<0,05 e &&p<0,01 quando comparado ao mesmo grupo sem bloqueio. O animais
2R1C apresentaram aumento da pressão arterial média (PAM) e da frequência
cardíaca (FC) (125 ± 2 mmHg e 516±2 bpm, respectivamente) quando comparado
ao grupo sham (PAM:107 ± 2 mmHg e 451± 18 bpm) e o tratamento foi capaz de
reduzir em 15% a PAM (112 ± 2 mmHg ) nos animais 2R1C sildenafil assim como,
reduzir a FC (471 ± 12 bpm). Os níveis teciduais de Angiotensina II nos animais
2R1C estavam aumentados (179 ± 32*pmol/g tecido) quando comparados ao grupo
sham (70 ± 7 pmol/g tecido) e o tratamento com sildenafil (94±6 pmol/g tecido) foi
capaz de reduzir em 50 % o níveis de Ang II. Os animais do grupo 2R1C
demonstraram marcante disfunção endotelial (Rmáx: 48,7 ± 1,8**) quando
comparados aos controles (Rmáx: 76,13 ± 2), e o tratamento com sildenafil foi capaz
de reverter essa disfunção (Rmáx: 67,48 ± 4##). Tal disfunção não se deve à
diminuição da sensibilidade do músculo liso vascular ao NO, uma vez que não foram
observadas diferenças nas respostas ao NPS. O papel do NO e das prostaciclinas
(PGI2) foi verificado realizando o bloqueio com L-NAME e Indometacina e
observamos que o relaxamento à ACh nos animais 2R1C estavam diminuídos
(dAUC: NO: 51 ± 5*; PGI2: 9,0 ± 3,8# a.u, ) quando comparados aos controles
(dAUC: NO: 77 ± 5; PGI2: 32,7 ± 4,7 a.u) e foi restabelecido nos animais tratados
(NO:74 ± 6#; PGI2: 29,6 ± 6,5# a.u). Calculando a estimativa da participação do fator
hiperpolarizante derivado do endotélio (EDHF) observamos que no grupo 2R1C
havia menor participação deste fator no relaxamento quando comparado ao grupo
sham e o grupo tratado com sildenafil. A inibição das espécies reativas de oxigênio
(EROs), avaliada por meio do bloqueio da NADP(H) oxidase com apocinina
possibilitou a observação de que as EROs apresentava maior influência no
relaxamento dos animais 2R1C (dAUC: 76,0 ± 4* a.u) quando comparada com o
grupo sham (48,7 ± 5,9 a.u.) e o grupo 2R1C sildenafil (dAUC: 56,8 ± 5# a.u). Na
análise do estresse oxidativo do rim clipado realizado pela citometria de fluxo
observamos que os animais 2R1C apresentaram aumento na produção de EROs
(•O-
2: 887 ± 41, H2O2: 308 ± 22 a.u.) quando comparamos ao grupo sham (•O-
2:700 ±
21, H2O2: 214 ± 7,7 a.u.) e o tratamento com sildenafil foi capaz de promover
diminuição da produção de •O-
2 (765 ± 32 a.u.) e de H2O2 (235 ± 20 a.u.).
Observamos que o tratamento com sildenafil aumentou em 1,7 vezes a produção de
NO (350 ± 33 a.u.) no rim clipado quando comparado com o grupo sham e 2R1C
(217 ± 10, 260 ± 21 a.u., respectivamente). Na análise da genotoxicidade do rim
clipado observamos que os animais 2R1C apresentaram um aumento nos
parâmetros utilizados, como na porcentagem de DNA na cauda e no momento da
cauda (38 ± 5,7%, 52,2 ± 10 a.u.) quando comparados ao grupo sham (21 ± 2,1%,
21,5 ± 3,2 a.u.) e o sildenafil foi capaz de promover uma diminuição destes
parâmetros (17 ± 3,4%, 17,3 ± 3,5 a.u.) diminuindo o dano ao DNA. Assim, estes
dados evidenciam que o sildenafil promove uma melhora da disfunção endotelial que
se observa na hipertensão renovascular por mecanismos que envolvem o aumento
da biodisponibilidade de NO, aumento de PGI2 e de EDHF e diminuição da produção
de EROs. No rim, o qual tem participação na instalação da hipertensão e também,
posteriormente, se torna alvo, os efeitos do sildenafil foram de redução do estresse
oxidativo e o dano ao DNA das células do rim clipado, além de uma marcante
redução dos níveis teciduais de angiotensina II, o que talvez explique o aumento na
produção de NO.

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